top of page

Origem e significado do santo Rosário

 

Corria o ano da graça de 1214. Havia bastante tempo que o Languedoc, região meridional da França, vinha sendo assolado por uma infame e terrível heresia: a dos albigenses.Convocada uma Cruzada para estancar o mal, o choque entre católicos e hereges não tardou a acontecer. E a terra da nobre nação francesa passou a ser o teatro de inúmeras e sangrentas batalhas em que católicos e albigenses disputavam o terreno palmo a palmo.

Porém, apesar de tanto sangue derramado, a heresia continuava a devastar as almas. Como mover o Céu a derrotá-la? Como obter de Deus uma vitória definitiva?Dias de terrível aflição foram aqueles! Havia horas em que tudo parecia perdido, e a heresia triunfante tudo destruía, manchava e conspurcava.Nesse estado de tribulação extrema da Cristandade, São Domingos, movido por inspiração divina, entra numa grande e densa floresta próxima de Toulouse (capital do Languedoc). Ali passa três dias e três noites em contínua oração e penitência, não cessando de gemer, de chorar e de se flagelar, implorando a Deus que tivesse pena de sua própria glória calcada aos pés pela heresia albigense.Em conseqüência de tamanho ardor e esforço, acaba por cair semi-morto. E eis que então, Maria Santíssima, resplandecente de glória, lhe aparece.

 

A conversão dos albigenses por São Domingos

A Santíssima Virgem, que estava acompanhada de três princesas do Céu,

lhe disse: ‘Sabes tu, meu caro Domingos, de que arma a Santíssima

Trindade se serviu para reformar o mundo?' - ‘Ó Senhora! respondeu ele,

Vós o sabeis melhor do que eu, porque depois de vosso Filho Jesus Cristo

fostes o principal instrumento de nossa salvação'. Ela continuou:

‘O instrumento principal dessa obra foi o Saltério angélico, que é o

fundamento do Novo Testamento. Portanto, se queres ganhar para Deus

esses corações endurecidos, reza meu Saltério'. O Santo levantou-se muito

consolado e, abrasado de zelo pelo bem desses povos, entrou na catedral.

No mesmo momento os sinos tocaram, pela intervenção dos Anjos, para

reunir os habitantes. No início da pregação caiu uma espantosa

tempestade. A terra tremeu, o sol se nublou, os trovões e relâmpagos

redobrados fizeram estremecer e empalidecer todos os ouvintes. Seu

terror aumentou ao verem uma imagem da Santíssima Virgem, exposta

num lugar eminente, levantar três vezes os braços para o céu, para pedir

ao Senhor vingança contra eles se não se convertessem e não

recorressem à proteção da santa Mãe de Deus.O Céu queria, por esses

prodígios, estimular a nova devoção do santo Rosário e torná-la mais

conhecida. A tormenta cessou, por fim, devido às orações de São Domingos.

Ele continuou seu sermão e explicou com tanto fervor e entusiasmo a

excelência do santo Rosário, que quase todos os tolosinos o adotaram,

renunciando a seus erros. Em pouco tempo verificou-se uma grande mudança na vida e nos costumes da

cidade."

 

Essa narrativa, de autoria do Bem-aventurado Alano de la Roche (1428-1475),

no seu famoso livro Da dignidade do Saltério*, é conforme a uma sólida e

venerável tradição, segundo a qual a pregação do Rosário foi recomendada

pessoalmente por Nossa Senhora a São Domingos.

 

Apesar de, modernamente, a autenticidade desses fatos haver sido

contestada por vários especialistas, que alegam a ausência de documentos

contemporâneos que os atestem, a crítica histórica vem demonstrando o

acerto de se considerar São Domingos - fundador da Ordem dos Pregadores

(os dominicanos) - como o instituidor do Rosário, e a voz de numerosos

Pontífices Romanos o confirmam.Assim, a devoção do Rosário continua

estreitamente vinculada a São Domingos, sem dúvida o seu primeiro

grande propagador. Obtendo excelentes frutos, ele o pregou durante o

resto de sua vida "não só pelo exemplo, como de viva voz, nas cidades e

nos campos, diante dos grandes e dos pequenos, dos sábios e dos

ignorantes, diante dos católicos e dos hereges" 58.Alguns anos depois da

morte de São Domingos, o costume da recitação do Rosário começ0u a cair

pouco a pouco em desuso, por diversas causas. Um de seus filhos

espirituais, o Bem-aventurado Alano de la Roche, no século XV,

trabalhando incansavelmente na restauração dessa piedosa prática,

conseguiu fazê-la reflorescer e difundir por todo o orbe católico.

 

 

Coroa de rosas

 

São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716), grande apóstolo da

verdadeira devoção à Santíssima Virgem, consagrou um de seus

extraordinários escritos a enaltecer as excelências do Rosário. Trata-se

de O segredo admirável do santíssimo Rosário para se converter e se

salvar, em cujas páginas o Santo comenta a origem dessa prática de

devoção, seu significado e suas maravilhas, reveladas pela própria Mãe

de Deus.As considerações apresentadas em seguida são extraídas da

mencionada obra de São Luís Grignion a respeito do Rosário.Depois que o

Bem-aventurado Alano de la Roche renovou essa devoção ao Saltério de

Maria, a voz popular, que é a voz de Deus, conferiu-lhe o nome de Rosário,

que significa "coroa de rosas". Quer dizer que todas as vezes que alguém

reza, de modo conveniente, seu Rosário, deposita sobre a cabeça de Jesus

e de Maria uma coroa formada de 153 rosas brancas e 16 rosas vermelhas

do Paraíso, as quais nunca perderão sua beleza ou seu brilho. A Santíssima

Virgem aprovou e confirmou esse nome de Rosário, revelando a vários

devotos seus que eles Lhe apresentariam tantas e agradáveis rosas

quantas Ave-Marias recitassem em sua honra; e tantas coroas de rosas

quantos fossem os Rosários por eles rezados.

 

O Irmão Afonso Rodrigues, da Companhia de Jesus, recitava seu Rosário

com tanto fervor que se via, com freqüência, a cada Pai-Nosso, sair de sua

boca uma rosa vermelha, e a cada Ave-Maria uma branca, igual em beleza

e em bom odor.As crônicas de São Francisco narram que um jovem religioso

tinha o louvável costume de rezar todos os dias, antes da refeição, a coroa da Santíssima Virgem. Um dia, não sei por que imprevisto, deixou de fazê-lo. Tendo soado a hora do jantar, pediu a seu

superior a permissão para recitá-la antes de se dirigir à mesa. Com esta

licença, recolheu-se em seu quarto. Porém, como demorasse em retornar,

o superior enviou um religioso para chamá-lo.Esse religioso o encontrou

no seu quarto, todo resplandecente

de celeste luminosidade, e a Santíssima Virgem e dois anjos junto dele.

À medida que ele dizia uma Ave-Maria, uma bela rosa saía de sua boca;

os anjos recolhiam as rosas, uma após outra, e as colocavam sobre a

cabeça da Santíssima Virgem, que manifestava sua alegria com tais

adornos. Dois outros religiosos, enviados para ver a causa da demora dos

primeiros, presenciaram todo esse mistério, e Nossa Senhora só

desapareceu quando a coroa foi inteiramente recitada.O Rosário é, pois,

uma grande coroa, e o Terço [a terça parte do Rosário] é um pequeno

chapéu de flores ou um diadema de rosas celestes que se deposita

sobre a cabeça de Jesus e de Maria. Assim como a rosa é a rainha das

flores, assim também o Rosário é a rosa e o primeiro dos atos de piedade.

O Terço

  • Wix Facebook page

PARÓQUIA SÃO JOSÉ DE BOTELHOS

bottom of page